“Fontinha! sorris e cantas
A teus pés vicejam plantas
E cresce a rosa”
Com a Fonte dos Amores de Ílhavo, no final da Rua de Espinheiro, no sítio do Arnal (ou Arenal antigamente), iniciaremos estes artigos dado notícia das quinze fontes publicadas no jornal O Ilhavense em 1926. Acompanha a informação os desenhos de Palmiro Peixe coevos.
Fonte dos Amores:
-Sou a Fonte dos Amores
A fontinha da saudade
Sou o balsamo p'rás dores
De que enferma a mocidade!
O visitante olha estupefato o garbo gentil da Fonte do Arnal e exclama entusiasmado para o ilhavense, depois de ter provado as suas águas:
— Caro amigo, até na água se nota o ressaibo a saudade e sentimento que são as características especiais da índole da gente desta terra de Ílhavo ...
(Responde-lhe a Fonte num gorjeio de amoroso palavreado!).
— “Não admira. Se eu sou a Fonte dos Amores! Não sabia? Corre á minha volta uma verdadeira tradição de beleza, que eu tenho sabido manter com um aprumo e uma galhardia incomparáveis!
Eu, a Fonte dos Amores sou nesta linda terra, de lindas mulheres, o elixir para todos os males do coração ...
Quisesse eu falar! quisesse eu falar!... Bebem das minhas águas os artistas, os poetas, os sonhadores. Falar em mim, é recordar essa plêiade de artistas desaparecidos. É recordar Alexandre da Conceição, o fulguroso poeta das «Alvoradas», Quim Camarão, espirito torturado; Manuel Machado, Samuel Maia e tantos outros que a avalanche dos tempos soterrou para sempre...