quarta-feira, 10 de abril de 2019

Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo: Memória de um século




SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÍLHAVO: Memória de um século

No dia 10 de abril de 1919, há precisamente 100 anos, data da reunião que oficializou os seus estatutos, é criada a Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo.

Em 5 de maio de 1919 é iniciada a construção do Hospital de Ílhavo, obra que verá concluída a sua edificação em abril de 1920, com a colocação no cimo da fachada da icónica estátua representando a Caridade, oferecida por D. Maria da Luz Sarrico Teles e executada por António de Freitas, hábil canteiro de Aveiro.

Num Ílhavo onde todos se conheciam, este constante empreendimento foi labor da necessidade de dar resposta às faltas de cuidados de saúde e bem-estar, quase inexistentes até então, cumprindo a visão caritativa de dois principais pioneiros fundadores: Viriato Teles e Samuel Maia.

A atuação da Santa Casa de Ílhavo é um percurso atribulado, onde a dificuldade económica e financeira sempre colocou em risco a capacidade para tratar corretamente os doentes e desfavorecidos, situação agravada principalmente na década de 40 do século XX, pelos efeitos nefastos da II Grande Guerra Mundial, e que seria minimizada com as esmolas e dádivas recolhidas pelos ilhavenses (residentes e no estrangeiro: Brasil, Canadá, Newark, Nova Jersey, Califórnia) nas anuais festas de beneficência, bailes e cortejos de oferendas (1946-1966),  memórias que perduram na lembrança dos mais antigos.

Os médicos, enfermeiros, os cuidadores do passado e do presente, assim como as muitas faces que assumiram o pulso das decisões das várias provedorias, - prestando homenagem e recordando por ordem: Dr. Samuel Tavares Maia (1919), Viriato Teles (1920-27), Prof. João Marques Ramalheira (1927-30), Dr. Eduardo Vaz Craveiro (1930-41), Dr. Vítor Manuel Machado Gomes (1941-44 e 1953-57), Pe. Alberto Tavares de Sousa (1945-46), Cap. Francisco António de Abreu (1946-52), Dr. António Joaquim da Silva Lopes (1957-65), Dr. José Cândido Vaz (1965-66), João Fernandes Vieira (1966-71), Arlindo dos Santos Ribeiro e Silva (1981-99), Prof. Fernando Maria da Paz Duarte (1999-2010), Eng. João Manuel Pereira da Bela (2011-12), Álvaro Manuel da Rocha Ramos (2014-17) e Prof. Margarida São Marcos (2017-19) - , por entre os muitos obstáculos, souberam sempre melhorar qualidade dos serviços prestados (de saúde, de assistência às crianças e aos doentes terminais) e fazer da Santa Casa de Ílhavo ”lugar” de entre ajuda e de solidariedade a todos, indiscriminadamente, como diria o médico Louis Pasteur – “Não se pergunta a um infeliz: De que religião és tu? Diz-se-lhe: Tu sofres e isso é suficiente. Tu pertences-me e eu te aliviarei!”  

Sabemos que são muito parcos os recursos de uma instituição que atualmente emprega 143 funcionários, que quer fazer mais, e que sobrevive de protocolos de colaboração.

Através da História observa-se que a caridade exercida pelas Misericórdias é uma necessidade social. E sendo uma necessidade social é um alicerce da vida caritativa nacional.
A palavra Misericórdia tem este duplo sentido de ajudar, de dar proteção e o de perdoar e compreender. É esta a base e rumo de orientação desta instituição que, localmente, em cada concelho, atua para suprir as necessidades e carências sociais.

As Santas Casas, pelo testemunho das suas obras, pela sua exemplaridade, pela coragem, pela persistência, pela coesão institucional, contra a indiferença, a apatia e o inconformismo, e com o imperativo do rigor, continuarão a ser instituições fundamentais da sociedade portuguesa.

Hoje, recolhendo todos os elementos que nos falam da nossa Santa Casa de Ílhavo (brevemente publicados em livro), visto ter sido pouca a salvaguarda patrimonial e arquivística desta instituição, constatamos que só se consegue reconstruir a memória destes 100 anos recorrendo às noticias do jornal “O Ilhavense”.

Sem dinheiro não se faz o que a nossa vontade pretende, mas acreditamos que há sempre pessoas de bem que surgem na altura própria para colaborar.

Pelo jornal “O Ilhavense”, fio condutor da nossa memória, e pela Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo, como assinantes ou como irmãos, saibamos acudir!

Hugo Cálão
Mestre em História e Património
10 de Abril de 2019

segunda-feira, 1 de abril de 2019

De Madrugada (Costa Nova)

I
Amanhã de madrugada, de madrugada,
Vai ter à beira do mar, de madrugada,
Nossa família é culpada, de madrugada,
Dos passos que vamos dar, de madrugada.

Ref:
Ai amor, amor, amor,
Amor, amor de madrugada

II
Oh mar alto, oh mar alto,
Oh mar alto sem ter fundo,
Mais vale andar no mar alto,
Do que nas bocas do mundo.

III
Oh Costa Nova do Prado,
Oh pedra do paredão,
Oh costa de São Jacinto,
Onde os meus amores estão.

IV
Oh Costa Nova do Prado,
Que és praia de singeleza,
Não há praia assim tão linda,
Nesta costa portuguesa.

V
Oh Senhora da Saúde,
A vossa capela cai,
Ajuntai as moças todas,
Tirai-lhe as telhas tirai.

VI
Oh Senhora da Saúde,
Mandai varrer as areias,
Que enchem os meus sapatos,
E eu estrago as minhas meias.

VII
Oh Senhora da Saúde, 
A vossa capela cheira,
Cheira a cravos, cheira a rosas,
E a flor  de laranjeira.

VIII
A Senhora da Saúde,
Tem uma maçã na mão,
Para dar a seu menino,
Quando ele vier da lição.

IX
Nossa Senhora faz meia,
Com linha feita de luz,
O novelo é lua cheia,
As meias são pra Jesus.

X
Comprei a vosso menino, 
Uma fitinha pro chapéu,
Ele também me há-de dar,
Um lugarzinho no Céu.
Olha a Gafanha

Nossa Gafanha tão linda,
De beleza infinda, graça de Jesus,
Tem coisas muito belas, tem muitas donzelas,
Resplandece de luz.

Ref:
Olha a Gafanha que bonita que ela é,
Vai brilhar desde o Carmo á Nazaré,
Encarnação essa é que mostra a prova,
Não há terra mais bonita de Aveiro, a Costa Nova!

Ai Gafanha, terra da minha paixão,
Ai Gafanha, vives no meu coração, 
Ai Gafanha, terra de encanto e beleza,
Ai Gafanha, linda aldeia portuguesa.




Senhora da Costa Nova

Senhora da Costa Nova,
Capelinha à beira mar,
Mandai-nos abrir a porta,
Para nela ir morar.

Lá vem o luar,
Por entre os pinhais,
Adeus meu amor,
Para nunca mais.

Esta é que era a moda, 
Que eu ouvi cantar,
Lá na Costa Nova olaré,
À beira do mar.

Costa Nova

Sou Costa Nova do Prado,
Praia de singeleza,
Não há praia assim tão bela,
Nesta praia portuguesa.

O sol, esse astro de luz,
Que a lua não branqueia,
O mar brilhante que me beija,
Linda paisagem de ria e maré cheia,
Aragem fresca que me bafeija.

Sou a Costa Nova do Prado,
Uma praia sem igual,
Com as belezas que tenho,
Não há outra em Portugal.