domingo, 10 de julho de 2022

Crónica da Ermida, 1931

 in jornal O Ilhavense de 5 de Julho de 1931 

A Ermida estendia-se para o sul até próximo da Pedricosa. Ali perto, existia a chamada Quinta dos Henriques, onde havia grandes pinheiros mansos. Próximo havia uma capelinha e um povoado. Na dita capelinha, aquele povo conservava ali um capelão para dizer missa. Na parte baixa da Quinta está uma casa antiga á qual se dá o nome de Azenha da Valenta. A oeste passa a ria que banha toda esta região. Existe a fonte do inferno, notável pela boa água que dela corre. É uma água tão pura que vem algumas mulheres de Ílhavo com seus potes e jarras de barro vermelho para levarem água para consumo de suas casas. Perto desta fonte está a azenha do inferno. Do lado sul tem a antiga praça da Ermida onde se realizava o mercado semanal que dizem ser abundante em géneros alimentícios. Também existia na Ermida um chafariz antiquíssimo e muito abundante de água que foi demolido quando se procedeu á construção da estrada. A antiga capela já contava talvez quinhentos anos; foi também demolida para dar passagem á mesma estrada. O lugar da Ermida foi julgado, tinha juiz, delegado e todo o mais funcionalismo necessário. Quando alguém praticava qualquer delito, era julgado e deportado para fora da Vila e Termo.

 in jornal O Ilhavense de 5 de Julho de 1931