D. Pedro de Castilho nasceu em meados de 1500 em Coimbra, filho do arquiteto Diogo de Castilho e de sua mulher, D. Isabel Ilharco, neto paterno de João de Castilho, súbdito espanhol que passou a Portugal, descendente da aristocracia das Astúrias.
Foi uma das figuras mais destacadas de Portugal durante o governo da dinastia filipina (1580 - 1640), onde ao abrigo do que ficara estabelecido nas Cortes de Tomar de 1581, a regência do Reino de Portugal devia ser sempre confiado pelo rei a um português, ou em alternativa a um membro da Família Real. Pedro de Castilho foi por duas vezes Vice-Rei de Portugal, de 24 de Maio de 1605 a Fevereiro de 1608 e no ano de 1612.
Foi uma das figuras mais destacadas de Portugal durante o governo da dinastia filipina (1580 - 1640), onde ao abrigo do que ficara estabelecido nas Cortes de Tomar de 1581, a regência do Reino de Portugal devia ser sempre confiado pelo rei a um português, ou em alternativa a um membro da Família Real. Pedro de Castilho foi por duas vezes Vice-Rei de Portugal, de 24 de Maio de 1605 a Fevereiro de 1608 e no ano de 1612.
D. Pedro de Castilho, óleo s/ tela (ass. Stanislau), séc XVIII Museu de Angra do Heroísmo (inv. SCAH 740) |
Seu pai, Diogo de Castilho, importante arquiteto e escultor biscainho nascido em finais do século XV, em 1528, celebrou um contrato para a reconstrução do portal e das abóbadas da Igreja de Santa Cruz, em Coimbra. Foi a sua última obra de inspiração gótica, pois, a partir dessa altura, converteu-se ao classicismo. Durante mais de cinquenta anos seu pai, trabalhou em parceria com o escultor João de Ruão, o que poderá explicar a renovação arquitectónica do séc. 16 da Matriz de São Salvador de Ílhavo, visível hoje apenas nas quatro esculturas de vulto do primitivo retábulo-mor que suspeitamos de sua autoria: São Salvador, Santo André, São João Baptista e São Cristóvão. Lembramos que pertence a esta cronologia a soberba custódia do Divino Salvador de Ílhavo. Diogo de Castilho e João de Ruão participaram também nas obras de renovação do Convento de Cristo, em Tomar. Substituiu ainda Marcos Pires nas obras da Universidade de Coimbra aquando da sua morte. Faleceu em 1574, com mais de oitenta anos.
Pedro de Castilho seguiu a carreira das letras na Universidade de Coimbra, e depois de ser Mestre de Arte (1562), principiou a estudar teologia. Mais tarde mudou de faculdade, cursando a Faculdade de Cânones, onde se formou em Teologia e Cânones, de que fez exame privado, licenciando-se mais tarde (1572) nesta última matéria.
Arte de navegar de Simão de Oliveira, dedicada a D. Pedro de Castilho com bispo de Leiria 1606 (Brasão de armas episcopal) |
Ordenado sacerdote, foi prior da igreja de São Salvador de Ílhavo, por mercê do cardeal D. Henrique e nomeado deputado do Santo Ofício em Coimbra, onde iniciou funções a 16 de Fevereiro de 1575, e logo de seguida feito visitador da diocese de Coimbra quando nela era bispo D. Manuel de Meneses. Mais tarde beneficiado da igreja de Santo André de Celorico de Basto.
Foi nomeado7.º bispo da Diocese de Angra e confirmado por bula de Gregório XIII em 4 de Julho de 1578, veio para a diocese em 1579. A acção deste prelado típico da Contra-Reforma foi muito controversa, devido principalmente à sua interpretação da jurisdição eclesiástica em relação à jurisdição civil, apoiada pelos jesuítas de Angra. Abriu sucessivos conflitos com o corregedor Ciprião de Figueiredo, que foram julgados nos tribunais de corte contra o bispo. Em 1580, devido ao clima de luta com o corregedor, mudou-se para São Miguel, onde foi apoiante activo de Filipe II, sabendo-se pela correspondência deste que era seu agente preferencial nos Açores. Retirou-se da diocese na armada do marquês de Santa Cruz, em Agosto de 1582. No ano seguinte, passou ao bispado de Leiria (bula de Gregório XIII de 3 de Junho de1583), sendo sucessivamente inquisidor-geral do reino pela Bula de Clemente VIII em 1604, D. Prior da Colegiada de Guimarães, presidente do Paço e esmoler-mor, além de duas vezes governador de Portugal, de 1605 a 1608 e de 1612 a 1613, tudo certamente em paga dos seus serviços à causa filipina.
Por sua ordem publicou-se o primeiro Regimento do Santo Ofício, lei própria pelo qual se governava esta instituição.
Morreu em Lisboa a 31 de Março de 1613, estando sepultado numa capela por si fundada na igreja do Convento de São Domingos de Lisboa.
A capela destinava-se a servir de sepultura para si e para os possuidores do morgado que instituíra na província da Beira. Embora originalmente dedicada a São Tomás, essa capela é hoje a de Nossa Senhora da Defensa, a primeira do corpo da igreja do lado da Epístola. Nela, sobre uma pedra dos degraus do altar, estão gravados os seguintes dizeres:
Mandou fazer esta capela D. Pedro de Castilho, Bispo que foy de Leiria, Presidente do Paço, do Conselho de Sua Magestade, Capellão mór, Inquisidor Geral deste Reyno e Vice-Rey delle duas vezes que nella está sepultado Faleceu a 31 de Março de 1613 annos.
fonte: SilvaManoel Telles da (Marquês de Alegrete), Colecçam dos documentos estatutos e memorias da Academia Real da História Portugueza Academia Real da História Portuguesa, 1722; Retratos dos Bispos de Angra, Museu de Angra do Heroísmo, 2009.