Mercado de Ílhavo, construído no local da demolida Capela das Almas, foto c. 1930 |
(in jornal Campeão das Províncias de 18 de Setembro de 1912)
'A Câmara Municipal de
Ílhavo já iniciou as obras de um
mercado no largo das Almas,
deixando do lado sul terreno
necessário para uma larga rua,
que vai ligar com avenida em
construção, junto do adro da
igreja matriz. É um melhoramento de valor que atual vereação realiza.'
Entrevista à Sr. D. Maria Pereira Chuvas Gordinho c. 1988 (à data 92 anos):
-- O mercado foi construído em 1912, no local onde existia a Capela das Almas de Ílhavo, demolida em 1911. A minha mãe (Felicidade Pereira de Jesus) era a juíza de Santo António da Capela das Almas, assim como o Sr. Azevedo, avô da Prof. Maria Vitorina de Azevedo. Existia, além desta, outra irmandade que se chamava Ordem Terceira de São Francisco de Ílhavo e havia uma certa rivalidade entre ambas as irmandades. Para construírem o mercado foi tudo arrasado. Das imagens dos santos que lá havia, a de São Francisco foi levada por uma irmã para sua casa e a de Santo António foi levada pelo juiz da irmandade que era o Sr. Azevedo. Nessa altura pertencíamos à Diocese de Coimbra. Um Juiz e um mordomo foram a Coimbra pedir autorização ao Sr. Bispo para colocar na Igreja Matriz a imagem de Santo António. Com a autorização, veio a necessidade de construir um altar, aproveitando o da antiga Capela demolida, que ainda hoje se pode ver na nossa igreja. A imagem de Santo António foi levada para o seu altar, numa bonita procissão com anjos e tudo.
Depois de demolida a Capela das Almas construíram o primeiro mercado fechado, que por sinal não era totalmente coberto. Nessa altura as roupas eram feitas todas à mão e em casa não havia electricidade e as pessoas utilizavam a luz dos candeeiros de petróleo. Também havia senhoras que faziam sapatos em casa, comprando solos de borracha e pano para os fazerem.
-- A senhora costumava frequentar diariamente o mercado?
-- Eu costumava ir com a minha mãe vender castanhas, azeitonas, queijinhos, etc. As castanhas vinham de uma aldeia perto de Trancoso, chamada Terranho, duma firma com o nome de José de ribeiro Neto & Filhos. Os queijinhos vinham de Cantanhede.
-- O mercado era realmente ao ar livre?
-- O mercado era ao ar livre onde hoje são os passeios junto da actual Sopanilde.
-- As pessoas tinham uma área grande para se poderem instalar?
-- Era só o passeio que vai da Sopanilde até aos Amadores e levávamos um banquinho para nos sentarmos.
-- Onde eram expostos os seus produtos?
-- Os produtos para venda eram expostos no chão, nos degraus das casas em tábuas colocadas sobre pedras e alguns já levavam as suas barraquinhas.
-- Pagavam imposto por ali estarem instaladas?
--Cada vendedor pagava uma senha para ocupar um espaço e expor os produtos.
--Que outros produtos eram vendidos?
-- Os produtos que se vendiam vinham da agricultura, da ria, do mar e também de fora.
-- Qual o preço de alguns produtos?
-- Não me lembro exactamente dos preços, mas sei que naquele tempo as castanhas se vendiam ao litro e a moeda era o real.
-- Qual o transporte que as pessoas utilizavam para transportar os produtos?
-- Os produtos eram transportados à cabeça e em carroças puxadas por cavalos.
-- Onde eram expostos os seus produtos?
-- Os produtos para venda eram expostos no chão, nos degraus das casas em tábuas colocadas sobre pedras e alguns já levavam as suas barraquinhas.
-- Pagavam imposto por ali estarem instaladas?
--Cada vendedor pagava uma senha para ocupar um espaço e expor os produtos.
--Que outros produtos eram vendidos?
-- Os produtos que se vendiam vinham da agricultura, da ria, do mar e também de fora.
-- Qual o preço de alguns produtos?
-- Não me lembro exactamente dos preços, mas sei que naquele tempo as castanhas se vendiam ao litro e a moeda era o real.
-- Qual o transporte que as pessoas utilizavam para transportar os produtos?
-- Os produtos eram transportados à cabeça e em carroças puxadas por cavalos.