segunda-feira, 30 de maio de 2022

História e Mistérios de Ílhavo: o morto-vivo

A cólera-morbus que em 1856, reinando D. Pedro V, se desenvolveu com o máximo de intensidade na cidade de Lisboa e grande parte do reino, assolou também, segundo rezam as memorias, a vasta região da beira-mar compreendida entre Viana e Figueira. Assim, a nossa terra não escapou ao terrível flagelo que dizimou centos de criaturas, espalhando o terror e um desanimo profundo na alma forte dos Ílhavos de então. Calamidade sobre calamidade, a fome nesse ano redobrou à aflição e a angustia das gentes ribeirinhas, recozendo-lhes uns abafados suspiros de desalentada esperança. Eram como montanhas a sofrer o abalo lento de encarniçados dos séculos, como um fervilhar de ignescênte massa entre-chocada no paredão impotente da Terra. Era uma luta homérica de estranhos seres. Os barcos-do-mar, como gigantes esfaimados, abriam ao sol rutilo de Junho as fendas escuras dos seus costados e, de proas no ar, semelhavam braços implorando a misericórdia divina! Imobilizaram-se: porque os braços fortes dos Ílhavos pendiam estirados nos rebordos denegridos dos caixões. Os que não eram do mar lutavam também como hércules, mas, por fim, cediam, estrebuchando em tortores de aflitiva morte. Era o mês alegre das lides das sachas do milho e da ceifa dos fenos. As gargantas dos moribundos gosmavam-se em vômitos esverdeados de nauseante cheiro e anacatarseavam uns escarros dum amarelo bem acentuado que a heroica e magnânima Leocadia Ferraz ia repuxando com sucessivas abluções de água a ferver ao peito já em ferida dos atacados. Na casa que mais tarde devia ser do senhor Cartaxo, na rua Direita, improvisou-se um pequeno e humilde hospital, onde baixavam os desgraçados pestilentos sem família. Foi ali que se mitigou muita dor, que muitos doentes morreram ouvindo palavras de esperança e de sentido carinho.

Cemitério de Ílhavo, c.1895

... 













... Noite alta, ais e roncos de desespero perdiam-se também por entre as sombrias vielas dos palheiros na Costa Nova. Um silêncio de morte dominava ás vezes. Na escuridão tenteavam vultos, e lá de vez em quando, lobrigavam-se bateiras transportando para o outro lado as vitimas daquele flagelo, e iam aos montes, sobrepostos, empilhados. Para a remada ser mais forte, os pescadores vagueiros firmavam os pés no ventre dos mortos e estes, ás vezes, impelidos pelo movimento brusco dos remos, resvalavam, esgazeando os olhos mortiços, nublados. O bom do sr. Pe Fernando, santo levita que não envergava "a batina oficial como um distinto de emprego ou como uma capa de camarista", há muitos dias que não tirava a sua sotaina e sobrepeliz, e andava assim de povoação em povoação, de sítio para sítio, de dia, toda a noite, sem um momento de descanso abeirando-se dos doentes, confessando este, consolado aquele. No dia 30 de Junho desse ano, a meia-noite surpreendeu-o ao sul da Costa Nova, num miserável palheiro, afagando com orações um pescador moribundo. Era uma hora já adiantada da noite quando o pescador com voz fraca, humilde, balbuciou estendendo o braço: - Adeus, senhor padre Fernando!

E como um santo, morria.

Soprava do sul a aragem branda, leve, perfumada de maresia. De pé no cimo duma lomba de areia, a batina flutuando com a viração, o bom do senhor padre Fernando olhava o mar, o mar imenso, que ele aquela hora não via, mas sentia, olhos rasos de água, o coração oprimido, elevando a Deus os seus pensamentos, implorando a misericórdia da Senhora da Saúde. E chorava a bom chorar.

Súbito, um ruído brusco cortando o silêncio, vindo lá do fundo, sacudiu-o, e trágico, rápido, desceu a íngreme ladeira da lomba. Estacou. À luz duma candeia de azeite dois homens rodeavam um pestilento. Um amarelo de bílis escorria-lhe já pelos cantos da boca ressequida pela febre. Tressuava. Tomou alto a respiração, estrebuxou e, inclinou a fronte ao peito do padre - Levem-no, que está morto - disse o senhor padre Fernando.

Os dois homens pegaram nele, segurando-o um pelos pé outro pela cabeça, conduziram no à bateira mais próxima. Remaram para o "outro lado" da Gafanha. Já na mota, transladam o morto para uma padiola e, pegando um à frente e outro a trás, seguiram  antigo caminho de areia em direção a Ílhavo.

Os homens eram dois atrevidos pescadores labregos, pouco conhecendo da nossa terra. Caminhavam silenciosos, abatidos, aqueles dois extraordinários vultos que o mar tantas vezes encorajou de ralé. A padiola tremia ao momento daqueles possantes ombros. O morto, sacudido agora revirou-se, descaindo-lhe uma das pernas. Junto a uma mouteira de tramagueiras, pousaram a padiola para aliviar. Fizeram um cigarro, e o patanisco, fuzilando na escuridão, iluminou súbito o rosto do morto.

- Parece que o homem abriu os olhos.

- Qual abriu nem meio abriu! Tu não ouviste o senhor padre dizer: - levem-no, que está morto! Antão está. Pega que se faz tarde, são duas horas.

- Põe-lhe essa perna para cima.

Ergueram a padiola e continuaram a caminhar, atirando para o ar as prolongadas fumaças. Pesadas nuvens, negras como veludo, encobriam um raquítico luar que, aparecendo ás vezes, esbatia a figura do morto na areia branca das esguias dunas. Voejavam agoirentas e niticoras aves. Chegava um rumor do mar, como alguém a gemer ao longe. E nem uma casa e nem uma luz e nem indício de gente por ali perto. Caminharam, caminharam e a tatear o carreiro duvidoso, quando além, na torre, soou a meia hora p'ras três. Estavam, sem o saber, á ponte Juncal. Passaram a ponte.

Seguiram a congôsta da Barquinha, desceram o pequeno declive do Outeiro. No encrusar de dois caminhos pararam, indecisos, não sabendo por onde seguir.

- Ó que diacho! - disse um deles - Qual será o caminho pró cemitério?

Erguendo a cabeça na escuridão e apontando com a mão direita, o morto respondeu: - Quando eu era vivo ia por aqui, agora que sou morto, levem-me por onde quiserem! E levaram, seguindo a indicação do morto com vida ...

No cemitério abriam-se profundas covas, como é costume em tempo de epidemia. Em cada uma sepultavam-se três, quatro e mais cadáveres. Trabalhava-se ali todo o dia e toda a noite.

Aquele homem que os da padiola julgavam morto, foi estendido num forte caixão de pinho e este lançado a uma sepultura onde já se encontravam dois. E nem uma lagrima, nem sequer uma reza.

O coveiro, um tisnado e forte rapagão dos seus trinta e cinco anos, atirou-se á enxada e começou de lançar pazadas de terra vermelha para cima. Vinha já rompendo a manhã quando o coveiro dava o alisar á sepultura. Retirou-se. Exausto de fadiga atirou-se para cima duma velha lousa e adormeceu. 

... Passaram-se já quinze dias. A cólera tendia a desaparecer. O povo ilhavense, mais animado agora, juntava-se no adro da igreja, fazendo preces, e ia dali para o cemitério chorar a perda dos entes queridos; mas não encontravam as sepulturas dos que muito amaram, e redobrava de amargura a sua profunda dor.

Mas o coveiro-vígia, ali em serviço permanente, vinha notando há dias que, da cova onde se sepultou o da padiola, surdia vezes um ruido vago, estranho, a modos como o som de assobio: fraco, á semelhança do sibilar do vento em ciprestes, e então cismava, cismava ... - que diabo seria aquilo? - dizia - franzindo a testa.

Uma manhã, porem, a sua curiosidade já demasiado espicaçada, levou-o até lá. Deitou-se de bruços sobre o coval, aplicou e colou o ouvido á terra. Não lhe restava duvida, alguém falava agora baixinho e ouvia distintamente um soquear em tábuas.

- Quem quer que seja está aos murros no caixão - observou. E de repente, fortemente, o morto gritou:

 - Eh gente! Eh de cima! E o coveiro deu um salto, tomou ar, estacaram-se-lhe os cabelos como rama de vassoira, e atirando o chapéu com violência, tornou a deitar-se, aplicando de novo o ouvido e berrando assim:

- É de baixo! Quem chama é gente, ó quê?!

- Eh! Jaquim Salimo, sou eu, homem! Então eu fico aqui eternamente?! Olha que já se me acabou hoje a brôa de pão que trazia no bolso!

Sem mais palavra, o coveiro pega da enxada e, com a fúria de um leão ferido, começou a cavar, a cavar, até que uma tábua arrepanhando a terra, separou-a. Nervosamente, com o olho da enxada deu tamanha pancada no caixão que as tábuas superiores saltaram em bocados.

Vagarosamente, pachorrentamente, o suposto morto esfregou os olhos, saltou dum pulo para cima e, agarrando-se ao Salimo, deu-lhe tal esticão ás costelas que este, aflito e sem ar resmungou:

- Eh ti Salvador, parece que nem esteve quinze dias sem comer! Anda daí beber um quarteirão de aguardente, homem!

E lá foram os dois de braço dado prá loja da ti Calçoa.

...

Pós scriptum: Correu fama este facto. Houve nesse tempo quem risse e quem chorasse. A antiga casinha onde habitou o ti Salvador, ainda existe e encontra-a na Viela do Salvador de Ílhavo, lá ao fundo, defrontando com a antiga casa das tias Angélicas.


in jornal O Ilhavense de Maio de 1922

A Semana Santa em Ílhavo em 1922

A Semana Santa é uma tradição religiosa cristã que celebra a Paixão, a Morte e a Ressurreição de Jesus Cristo. Inicia no Domingo de Ramos, relembrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e termina com a ressurreição de Jesus, que ocorre no domingo de Páscoa.
Verónica,
fotografia de Paulo de Brito Namorado

Antecede-lhe o tempo de Quaresma que inicia com a Quarta-feira de Cinzas um período de quarenta dias até à Páscoa, durante os quais os fiéis são convidados à conversão. 
Tentaremos sumariar alguns dos recortes de noticia em jornais locais sobre as tradições da Semana Santa de Ílhavo no ano de 1922.

1922-03-05 Semana Santa de Ílhavo - A mesa da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Almas de Ílhavo, resolveu realizar este ano as solenidades da Semana Santa com o esplendor dos antigos tempos, efetuando as trevas, e pondo na rua todas as procissões, o que é uma resolução de todo o ponto louvável. Mas, a verdade é que aquela
confraria tem atualmente uns reduzidíssimos recursos em orçamento que a lei lhe consente para o culto; Assim vê a necessidade de recorrer ao auxílio particular, promovendo uma subscrição pela Vila o que é de
todo o ponto justo. Foi nomeada uma comissão composta dos. srs. Oliveiros Fernandes Pinto Boia, Manuel Gonçalves da Silva, Manuel
Pereira da Bela, Manuel Malaquias e Francisco Soares de Melo, que brevemente iniciarão o peditório, Estamos certos que todos concorrerão com o seu auxílio para que sejam levadas a efeito com todo o
brilho e esplendor as tradicionais solenidades da Semana Santa.

1922-03-19  Sermões da Quaresma - Está encarregado de pregar os sermões da quaresma na nossa igreja matriz e na de Vagos o nosso amigo e apreciado orador sagrado o Sr Pe. Manuel de Campos.

1922-04-09 Semana Santa de Ílhavo - As cerimónias da Semana Santa, em Ílhavo, prometem revestir
desusada imponência. A avaliar pelo entusiasmo que se denota entre o povo desta freguesia, é de esperar que as cerimónias comemorativas da Tragédia do Calvário que este ano se realizam na nossa igreja matriz, revestirão uma imponência como há muito tempo não têm revestido. Outra coisa mesmo não é de esperar dessa briosa comissão de rapazes que se empenham em levar a cabo tão tradicionais festas para o que se não têm poupado a esforços, auxiliando assim as confrarias que sem o seu concurso, não poderiam levar a cabo tão simpática iniciativa. Damos a seguir o programa que gentilmente nos foi cedido pela Comissão:

Domingo de Ramos - Benção de Ramos e Missa, ás 11 horas.

Quinta-feira Santa - Missa, ás 11 horas da manhã; Lava-pé, ás 3 horas da tarde; Oficio de trevas, ás 4 horas; Procissão, ás 6 e meia.

Sexta-feira Santa - Missa, ás 9 horas da manhã; Procissão, á 1 hora da tarde; Ofício de trevas, ás 5 horas.

Sábado de Aleluia - Benção do círio pascal e missa ás 9 horas da manhã. Ladainha a Nossa Senhora ás 7 horas da tarde.

Domingo de Páscoa - Procissão ás 10 horas da manhã; Missa ás 11.

Procissão de 5ª- feira - Andor da Senhora da Soledade: José Simões Bixirão, José Firmeza, Francisco Soares de Melo e Manuel de Oliveira. Lanternas: José Catarino, Armando Ramalheira, Manuel O. da Silva e João Redondo. Andor do Senhor dos Passos: promessas.

Procissão de 6ª - feira - Pálio: Francisco dos Santos Calão, Aníbal Ramalheira, José Francisco Bichão, Manuel Goncalves da Silva, José Catarino e João de Oliveira e Sousa. Lanternas do pálio: José de Melo, João Redondo, José de Oliveira, Armando P. Ramalheira. Andor da Senhora da Soledade: os mesmos de quinta-feira. Lanternas do andor: José Bela, Manuel Praia, Ambrósio Gordinho, Silvio Ramalheira. 

Procissão de Domingo de Páscoa - Pálio: José Simões Bixirão, Manuel de Oliveira, José Firmeza, Francisco de Melo, Francisco Calão, José Francisco Bichão, José Catarino, Manuel Gonçalves da Silva,
Lanternas: Aníbal Ramalheira, Armando Ramalheira, João de Souza e João Redondo.

1922-04-23 Semana Santa de Ílhavo - Decorreram com todo o brilhantismo as cerimónias da Semana Santa que a comissão de rapazes da nossa terra, cheios de vida e animados pelo sopro bendito da fé, conseguiram lagar a cabo com tanta galhardia e com múltiplos trabalhos e canseiras.
Quinta- feira santa, com a comovente cerimónia do Lava-pés, que relembra a vida cheia de humildade de Jesus da Galileia!...
Sexta-feira da paixão, com todo o seu luto, a procissão do Senhor Morto, o sermão do enterro, os cânticos dolentes dos salmos, o entoar plangente do Miserere! ...
Sábado de Aleluia - pombas brancas voando no espaço, a queima do Judas, aleluias reflorindo em todos os lábios!...
Domingo de Páscoa, amêndoas doces das nossas esperanças, boas-festas cantantes dos nossos corações alegres!...
Tudo este ano tivemos; tudo este ano, nossa alma gozou numa unção sincera, vivendo assim um pouco do glorio passado cristão do nosso povo. 






quarta-feira, 11 de maio de 2022

Sumário das indulgencias da Irmandade do Santíssimo Sacramento e Almas da Freguesia de São Salvador de Ílhavo

 

Impresso em Aveiro em 1859, esta pequena brochura sintetisa cronologicamente as graças e indulgências plenárias concedidas à Irmandade da Igreja de Ílhavo ao longo do tempo.

São vários os breves e resoluções dadas por Roma ás Irmandades do Santíssimo Sacramento nacionais. 

Para a Igreja de Ílhavo, o vigário-geral do Bispado de Aveiro, então sede vacante, aprovou por despacho de 8 de Outubro de 1859, a resolução do papa Pio IX de 17 de Maio de 1859, indulgência plenária in perpetuum à Irmandade do Santíssimo de Ílhavo em igual forma da à concedida pelo papa Paulo V, em 13 de Novembro de 1606, à Irmandade do Santíssimo Sacramento da Igreja de Santa Maria supra Minervam de Roma, primeira confraria instituída deste género.

Com a Bula Transiturus de hoc mundo, de 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV determinou a solene celebração da festividade do Corpus Christi ("Corpo de Cristo") em toda a Igreja.

Justificou o Papa a necessidade de uma solenidade especial para celebrar o Corpo de Cristo, pois, na Quinta-feira Santa (Instituição da Sagrada Eucaristia) “a Igreja ocupa-se com a reconciliação dos penitentes, a consagração do santo crisma, o lava-pés e muitas outras funções que lhe impedem de voltar-se plenamente à veneração desse mistério”.

A partir desse momento, a devoção eucarística desabrochou com maior vigor entre os fiéis: os hinos e antífonas compostos por São Tomás de Aquino para a ocasião – entre os quais o Lauda Sion, verdadeiro compêndio da teologia do Santíssimo Sacramento, chamado por alguns o credo da Eucaristia – passaram a ocupar lugar de destaque dentro do tesouro litúrgico da Igreja.

Ainda no século XIII, surgiram as grandes procissões conduzindo o Santíssimo Sacramento pelas ruas, primeiro dentro de uma ambula coberta, e mais tarde exposto em ostensório. Também neste ponto o fervor e o senso artístico das várias nações esmeraram-se na elaboração de custódias que rivalizavam em beleza e esplendor, como é exemplo a custódia renascentista de Ílhavo, liberta de templete e de grande hostiário circular, assim como na confecção de ornamentos apropriados e na colocação de imensos tapetes florais ao longo do caminho a ser percorrido pelo cortejo.

No decurso dos séculos a piedade popular alicerçou-se na constituição dos costumes, usos, privilégios e honras que hoje acompanham o Serviço do Altar, formando uma rica tradição eucarística. Esta norma ampliada pelo papa Martinho V em 26 de Maio de 1419, e confirmada pelo papa Eugénio IV em 20 de maio de 1433, papa que assina a bula Rex Regnum em 8 de Setembro de 1436, documento que conferia a Portugal o dever de evangelizar as populações nativas dos territórios sob seu domínio, propagando a devoção ao Santíssimo Sacramento por todo o mundo conhecido..

Desta forma era concedida indulgência plenária (perdão dos pecados), aos irmãos que dessem entrada na Irmandade, confessando-se e comungando, e acompanhassem a procissão do Santíssimo Sacramento que anualmente se celebra no dia de Corpo de Deus (Corpus Christi), orando pela paz, concórdia dos princípios cristãos, extirpação das heresias e exaltação da Igreja.

Em 24 de Janeiro de 1673 o papa Clemente X amplia esta norma em cem dias de indulgência aos irmãos e irmãs que acompanharem à sepultura o cadáver de algum fiel de Cristo.

Em 27 de Novembro de 1694 esta norma foi transferida pelo papa Inocêncio XII para a sexta-feira imediatamente seguinte à solenidade do Corpo de Deus.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Nota para a seca de bacalhau na Gafafanha


Lugre “Silvina”, frente à seca de bacalhau
"A Empresa de Navegação e Exploração de Pesca, Lda, com sede no Largo Luís Cipriano, em Aveiro, recebe propostas para a venda em conjunto de todos os seus navios, secadouro e demais artigos existentes e que são necessários a esta indústria. O seu secadouro, instalado em terrenos próprios, é um dos mais bem montados do país e está situado à beira da ria no lugar da Gafanha, e os navios são os seguintes: 'Silvina', para 3.500 quintais de bacalhau salgado; 'Ernani', para 4.500 quintais; e o 'Laura', para 5.000 quintais, estando este ultimo em reconstrução. Os interessados podem dirigir-se à sede da referida empresa que fornecerá todos os elementos que desejarem e bem assim os inventários do existente."
(in jornal O Ilhavense de 11 de Dezembro de 1927)

O lugre “Silvina”, registado em Aveiro, foi construído na Gafanha da Nazaré, em 1919, por Manuel Maria Bolais Mónica com o nome “Águia”, para a Companhia Aveirense de Navegação e Exploração de Pesca. Foi vendido, como mostra a notícia do jornal O Ilhavense de 11 de Dezembro de 1927 à empresa Agualuza & Batata, Lda., de Aveiro, juntamente com a seca de bacalhau e os lugres 'Ernani' e 'Laura'. De 1920 a 1926, foi comandado por João Nunes da Barbeira (Capitão Pisco, de alcunha) meu trisavô.