Cons. José Ferreira da Cunha e Sousa |
Fez os primeiros estudos em Ílhavo indo depois para Aveiro para a companhia de seu avô paterno, o Capitão-Mor Alexandre Ferreira da Cunha e Sousa. Ali completou os estudos liceais para ir frequentar a Universidade onde contava matricular-se no 1º ano de Leis em Outubro de 1829.
Os sucessos políticos de 1828 e as ideias liberais que seu pai professava fizeram com que este fosse preso e passasse todo o tempo do reinado de D. Miguel nas cadeias, onde adquiriu o mal que o vitimou depois e despendeu tudo quanto possuía. E se não chegou a ver a sua família mendigar deve-o a este filho que trabalhava noite e dia leccionando instrução primária e escrevendo em diferentes cartórios, para sustentar os seus.
Durante este período na sua terra natal, foi um dos fundadores em princípios de 1836 da Banda Filarmónica Gafanhense (ex. Música Velha de Ílhavo), juntamente com o conselheiro Dr. António José da Rocha (magistrado). Estes dois indivíduos, apaixonados amadores dramáticos, tinham organizado em Ílhavo uma companhia de curiosos que, devia estrear-se num teatro por aqueles construído numa dependência do passal da freguesia, junto à Igreja Matriz de Ílhavo.
Para o primeiro espectáculo haviam falado à orquestra da Fábrica da Vista Alegre, mas à última hora esta faltou, por imposição do director daquela fábrica, que era de política contrária à dos organizadores da companhia. Estes, magoados com o procedimento havido com eles, levaram-se em brio e fundaram uma Música, aqui chamando para esse serviço José Vicente Soares, ex.- regente de Bandas Militares e que fora também o primeiro regente da Banda da Vista Alegre.
Depois deste, teve vários regentes, sendo o que mais aturou no lugar, o ilhavense Francisco dos Santos Barreto, (homem de muitas aptidões). Por morte deste, a Sociedade decaiu muito, quase se extinguindo, até que, cerca de 1885, um grupo de ilhavenses supervisionado por João da Conceição Barreto, mais tarde funcionário do Ministério do Interior, reorganizou-a baptizando-a com o nome de Sociedade Filarmónica Ilhavense. Adoptando o nome de Música Velha, a banda, nesta altura, entrou numa fase de grande brilho, competindo com as mais afamadas bandas do distrito
Com o triunfo da liberdade de seu pai, veio para José F. da Cunha e Sousa a tranquilidade.
Durante este período na sua terra natal, foi um dos fundadores em princípios de 1836 da Banda Filarmónica Gafanhense (ex. Música Velha de Ílhavo), juntamente com o conselheiro Dr. António José da Rocha (magistrado). Estes dois indivíduos, apaixonados amadores dramáticos, tinham organizado em Ílhavo uma companhia de curiosos que, devia estrear-se num teatro por aqueles construído numa dependência do passal da freguesia, junto à Igreja Matriz de Ílhavo.
Cons. José Ferreira da Cunha e Sousa |
Depois deste, teve vários regentes, sendo o que mais aturou no lugar, o ilhavense Francisco dos Santos Barreto, (homem de muitas aptidões). Por morte deste, a Sociedade decaiu muito, quase se extinguindo, até que, cerca de 1885, um grupo de ilhavenses supervisionado por João da Conceição Barreto, mais tarde funcionário do Ministério do Interior, reorganizou-a baptizando-a com o nome de Sociedade Filarmónica Ilhavense. Adoptando o nome de Música Velha, a banda, nesta altura, entrou numa fase de grande brilho, competindo com as mais afamadas bandas do distrito
Com o triunfo da liberdade de seu pai, veio para José F. da Cunha e Sousa a tranquilidade.
Continuou a trabalhar, exercendo então diferentes cargos públicos, o que lhe granjeou nome pela elevada competência a assiduidade com que os desempenhou.
Em 11 de Abril de 1840 é nomeado 1º Oficial do Governo Civil do Distrito de Aveiro, em que bem depressa justificou a reputação de empregado habilissimo e muito trabalhador, de que vinha precedido. Militando no partido cartista, contava amigos dedicados também no campo contrário, o setembrista. No dia em que rebentou a chamada revolução da Maria da Fonte, 14 de Maio de 1846, José F. Cunha e Sousa, que estava exercendo as funções de secretário geral, recebeu, das 8 para as 9 da manhã, aviso de pessoa amiga, prevenindo-o de que pelo meio dia se efectuaria a revolução e que seriam presas as autoridades superiores do distrito. Deu pois pressa em comunicar tudo ao governador civil António José Vieira Santa Rita, que, não se mostrando surpreendido com a nova, pois havia recebido idêntico aviso, lhe disse:
- Se quer, fuja; eu fico no meu posto, aguardado os acontecimentos.
- Pois eu faço o mesmo - respondeu J. Cunha e Sousa - não abandono em caso algum a secretaria de V. exª. Horas depois triunfava a revolução e os dois funcionários eram presos, sendo no dia seguinte conduzidos para Coimbra debaixo de prisão, onde lhe deram a cidade por homenagem.
- Se quer, fuja; eu fico no meu posto, aguardado os acontecimentos.
- Pois eu faço o mesmo - respondeu J. Cunha e Sousa - não abandono em caso algum a secretaria de V. exª. Horas depois triunfava a revolução e os dois funcionários eram presos, sendo no dia seguinte conduzidos para Coimbra debaixo de prisão, onde lhe deram a cidade por homenagem.
Após a revolução da Maria da Fonte, foi preso para Coimbra e demitido do seu cargo, sendo reintegrado em 10 de Janeiro de 1847. Por decreto de 3 de Novembro de 1858 foi promovido a secretário-geral que exerceu com a mais elevada competência.
Em 4 de Junho de 1868 foi nomeado Governador Civil de Viseu, sendo transferido em 31 de Agosto do mesmo ano para Leiria. em 25 de Janeiro de 1869 passou a exercer o mesmo cargo em Coimbra, sendo transferido novamente para Viseu em 9 de Junho de 1870. Em 5 de Novembro de 1870 mais uma vez foi para Leiria, indo em 12 de Setembro de 1871 para Santarém, onde foi o promotor da constituição da primeira Constituição Administrativa para a instalação de um Museu Distrital de Santarém, e em 4 de Dezembro de 1877 para Portalegre. Finalmente em 1878 seguiu para o Distrito de Faro, onde se conservou apenas 3 meses, regressando a Aveiro com licença, sendo aposentado em 17 de Janeiro de 1879.
Depois de aposentado ainda exerceu em Aveiro os cargos de Governador Civil Substituto, 1º Substituto do Juiz de Direito, Provedor da Misericórdia, Presidente da direcção da Caixa-económica, da Sociedade construtora do Teatro Aveirense, Presidente da comissão do Monumento ao Conselheiro Manuel Firmino.
O Conselheiro Ferreira da Cunha e Sousa, não obstante os elevados cargos que desempenhou e forçado afastamento da sua terra, votou-lhe sempre verdadeiro afecto, de que é prova o valioso manuscrito que deixou sobre a história de Ílhavo e Aveiro, terminando a redacção da sua «Memória de Aveiro, no século XIX» em Novembro de 1908, interessante e por vezes minucioso documento sobre a cidade e os seus monumentos e instituições, manuscrito este publicado em 1940, no volume VI do «Arquivo do Distrito de Aveiro» (Arquivo, VI, p. 83)
Devido aos relevantes serviços prestados, foi galardoado com o Hábito de Cristo em 14 de Junho de 1845 e a Comenda da mesma Ordem em 14 de Janeiro de 1867 e a Carta do Conselho em 7 de Setembro de 1871.
Faleceu com a idade de 100 anos menos 4 meses no dia 19 de Novembro de 1912, já sem vista mas com perfeita lucidez de espírito, acalentado pelo afecto dos seus dois filhos D. Maria das Mercêdes e Alexandre Ferreira da Cunha.
Faleceu com a idade de 100 anos menos 4 meses no dia 19 de Novembro de 1912, já sem vista mas com perfeita lucidez de espírito, acalentado pelo afecto dos seus dois filhos D. Maria das Mercêdes e Alexandre Ferreira da Cunha.