O farol da Barra, em Ílhavo é o maior farol de Portugal. Fica localizado na praia da Barra, cidade da Gafanha da Nazaré, concelho de Ílhavo, distrito de Aveiro. Foi, à data da sua construção, o sexto maior do mundo em alvenaria de pedra, continuando a ser atualmente o segundo maior da Península Ibérica, estando incluído nos 26 maiores do mundo. É uma torre troncocónica com faixas brancas e vermelhas e edifícios anexos.
Os repetidos sinistros marítimos ocorridos nas proximidades da foz do Vouga fizeram que se pensasse na imperiosa necessidade de iluminar a costa. Em 1841, quando a sua construção foi inicialmente proposta, a ideia era usar para combustível "as pinhas dos pinheiros os mais vulgares em que o reino todo abunda, extremamente resinosas e inflamáveis, de pouco custo, e que no distrito de Aveiro não valem mais de 50 réis o cento" movimentando o mecanismo circular de lanterna. Assim, por portaria de 8 de Janeiro de 1856 se determinou que o Diretor de Obras Públicas do distrito de Aveiro, de acordo com o capitão do porto e com o Diretor Maquinista de Faróis escolhessem, perto da barra, local apropriado para o farol, cujo projeto e orçamento deviam ser elaborados pelo Diretor de Obras Públicas. Em Julho de 1858 é rejeitada a ideia de aproveitar a torre se sinais do forte da Barra para a construção do farol, pensando-se como adequado um ponto situado a 200 metros da referida torre, quase no fim do paredão da barra. Até 1866 nada mais se fez, altura em que o inspetor de faróis, Francisco Maria Pereira da Silva, defendia, no seu plano de farolagem, a criação d um farol em Aveiro:
"na barra de Aveiro é de urgente necessidade um pharol de grande alcance e da maior intensidade de luz, não só para esclarecer a extensa e baixa praia, que divide ao meio, com 60 milhas de litoral em que as primeiras elevações se apresentam a grande distância do mar (seis a oito léguas), iludindo assim o navegador que julga pelo aspecto desta porção de costa, achar-se ainda mais afastado da terra; mas também para poder atravessar uma atmosphera que se conserva sobre esta planície cheia de densos vapores, emanados tanto das areias humedecidas, como das marinhas de sal e das águas que ali abundam na distância de muitas milhas; convém que seja esta barra de Aveiro a posição escolhida para um pharol de 1ª ordem e que seja sustentado por um elevado e bem distincto edifício, para prevenir de dia os navegadores da sua aproximação. Este pharol ali colocado também dispensa outro, que era necessário estabelecer para indicar a entrada da barra daquele porto".
Com projecto da autoria do engenheiro Paulo Benjamim Cabral, datado de 1879, a obra foi iniciada, primeiramente dirigida pelo engenheiro Silvério Pereira da Silva e, mais tarde, pelo engenheiro José Maria de Mello e Matos. As obras arrancaram em 1885 e o farol entrou em funcionamento em 31 de Agosto de 1893, tendo uma torre de 62 metros de altura e 66 metros de altitude. Foi equipado com um aparelho óptico de 1ª ordem (920 mm distância focal), com 4 painéis e com incandescência pelo vapor de petróleo com fonte luminosa. A fonte luminosa de reserva era um candeeiro de nível constante e a rotação óptica era produzida pela máquina de relojoaria. Neste mesmo ano entrou também em funcionamento um sinal sonoro, constituído por uma trompa Holmes, funcionando a ar comprimido e instalada no molhe. Em 1898 o sinal sonoro foi transferido para um alojamento construído em frente ao farol, procedendo-se à sua cobertura em 1902, protegendo assim o equipamento das chuvas.
Em 1908 a máquina do sinal sonoro foi substituída por duas máquinas a vapor verticais, ficando assim uma máquina de reserva.
Em 1928 o aparecimento de uma fenda vertical na porção superior da torre levou ao seu reforço por meio de 14 anéis de cimento armado; na mesma altura, isolou-se a torre do restante edifício à custa de tijolos, visto recear-se que fossem oscilações a causa da ruptura verificada.
Foi construido em 1932 um esporão para defesa das infraestruturas do farol. O alojamento de sinal sonoro foi derrubado pelo mar em 1935, sedo instalado o sinal sonoro em cima do edifício do farol. No ano de 1936 o farol foi electrificado através da montagem de grupos electrogéneos.
Foi instalado um rádio farol em 1946 com montagem de 2 emissores Marconi, modelo WB7, na frequência de 291,9 Kc/s, 20W de potência e alcance de 50 milhas.
Em 1947 o aparelho óptico foi substituido por outro de 3ª ordem, pequeno modelo (375 mm distância focal), dotado de paíneis aeromarítimos. A fonte luminosa passou a ser uma lâmpada de filamento trifásico, ficando como reserva a incandescência pelo vapor do petróleo.
Em 1950 passou a estar ligado à rede pública de distribuição de energia, sendo instalada uma lâmpada de 3000W. Para acesso à torre foi montado um elevador em 1958.
A potência da fonte luminosa foi reduzida em 1983, instalando-se uma lâmpada de 1000W.
O farol de Aveiro esteve representado em 1987 numa emissão filatélica e na exposição Faróis de Portugal inaugurada na Torre de Belém. Foi mandada cunhar uma moeda na ocasião, pela Direcção de Faróis. No Boletim de Dezembro de 1987 da associação Internacional de sinalização Marítima, teve honras de capa.
Em 1990 foi automatizado. Foram extintos os rádios faróis em 2001 por deixarem de ter interesse para a navegação. Foi feita a limpeza da cuba e flutuador e filtragem do mercúrio em 15 de novembro de 2008.