Maquineta de Presépio
Autor desconhecido
provável fabrico regional (Aveiro)
móvel em madeira e
torrão em barro policromado e cortiça
séc. XVIII – XIX
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Em quase todas as Capelas de Ílhavo existem presépios, todos eles de gesso e sem valor artístico relevante ou antiguidade. Na Igreja Matriz de São Salvador de Ílhavo existem dois conjuntos a referir: uma maquineta de presépio setecentista e um presépio de peças grandes, de gesso, ainda ao culto. Sabe-se um substituiu o outro.
O torrão (corpo) do presépio setecentista está incorporado na zona superior de uma maquineta (armário envidraçado com duas portas exteriores e cinco gavetas e porta interior). Representa, em barro policromado e cortiça lembrando as tradicionais “cascatas”, a cena do nascimento de Cristo e chegada dos Reis.
A feitura de presépios de barro cozido e policromado foi prática corrente durante todo o séc. XVIII, existindo muitos exemplares, alguns deles, felizmente, ainda hoje completos, como os existentes no Museu de Aveiro.
Infelizmente do nosso Presépio desapareceram as figuras centrais, a Sagrada Família, existindo destas apenas registo fotográfico. Ilustrando bem o restante conjunto, refere M. de Morais, “depois temos as figuras tradicionais: os pastores com as suas ofertas de ovelhas, caça, leite, frutas, e os Reis Magos, com incenso, a mirra e o ouro. Mas, além destes, há todo um mundo de personagens que se agitam, que se dirigem para o templo onde se encontra o Divino recém-nascido. O escultor deste deu largas à sua imaginação. Figuram ali o povo todo, radiante de alegria, porque nasceu Jesus, o Salvador do mundo. Ele sabe que o Natal é uma doce e alegre festa cristã. A festa das crianças, a festa do amor e do lar. Por isso, as suas figuras do presépio bailam e cantam; por isso, elas encaminham-se para junto do Divino Menino, levando-lhe os mimos da vida aldeã, as novidades da horta, o que de melhor encontraram na capoeira, no curral, na adega, na pocilga. Tudo o que o povo estima e ama. É uma romaria viva alegre e generosa. O escultor não esqueceu o régio cortejo dos Reis Magos, com soldados, cavalos, camelos – elefantes, até! – todos ricamente preparados, e a alegria do povo, as cenas típicas das aldeias, como o moleiro e o seu moinho de vento. Não é preciso chamar a atenção para esta ou aquela figura de um Presépio setecentista. Elas vêm ter connosco, direitas ao nosso coração, tão vivas se encontram na nossa tradição, tão portuguesas e tão belas como, talvez, nenhumas outras da nossa estatuária.”
Desconhece-se a autoria das pequenas figuras deste conjunto. Estava antes das obras de restauro na sacristia velha da igreja Matriz, hoje a casa mortuária, passando para o núcleo museológico da Paróquia, onde actualmente se encontra.
O presépio ao culto foi adquirido a 16 de Dezembro 1964 pelo prior D. Júlio Tavares Rebimbas. Comprado na casa União Gráfica em Lisboa custou na altura 1.705$50. É composto por 11 figuras grandes de gesso policromado: a Virgem, S. José e o Menino, um par de animais, um terno de reis, dois pastores, um músico de gaita-de-foles, e três pastores mais pequenos.
O torrão (corpo) do presépio setecentista está incorporado na zona superior de uma maquineta (armário envidraçado com duas portas exteriores e cinco gavetas e porta interior). Representa, em barro policromado e cortiça lembrando as tradicionais “cascatas”, a cena do nascimento de Cristo e chegada dos Reis.
A feitura de presépios de barro cozido e policromado foi prática corrente durante todo o séc. XVIII, existindo muitos exemplares, alguns deles, felizmente, ainda hoje completos, como os existentes no Museu de Aveiro.
Infelizmente do nosso Presépio desapareceram as figuras centrais, a Sagrada Família, existindo destas apenas registo fotográfico. Ilustrando bem o restante conjunto, refere M. de Morais, “depois temos as figuras tradicionais: os pastores com as suas ofertas de ovelhas, caça, leite, frutas, e os Reis Magos, com incenso, a mirra e o ouro. Mas, além destes, há todo um mundo de personagens que se agitam, que se dirigem para o templo onde se encontra o Divino recém-nascido. O escultor deste deu largas à sua imaginação. Figuram ali o povo todo, radiante de alegria, porque nasceu Jesus, o Salvador do mundo. Ele sabe que o Natal é uma doce e alegre festa cristã. A festa das crianças, a festa do amor e do lar. Por isso, as suas figuras do presépio bailam e cantam; por isso, elas encaminham-se para junto do Divino Menino, levando-lhe os mimos da vida aldeã, as novidades da horta, o que de melhor encontraram na capoeira, no curral, na adega, na pocilga. Tudo o que o povo estima e ama. É uma romaria viva alegre e generosa. O escultor não esqueceu o régio cortejo dos Reis Magos, com soldados, cavalos, camelos – elefantes, até! – todos ricamente preparados, e a alegria do povo, as cenas típicas das aldeias, como o moleiro e o seu moinho de vento. Não é preciso chamar a atenção para esta ou aquela figura de um Presépio setecentista. Elas vêm ter connosco, direitas ao nosso coração, tão vivas se encontram na nossa tradição, tão portuguesas e tão belas como, talvez, nenhumas outras da nossa estatuária.”
Sagrada Família
Palmiro da Silva Peixe / desenho aguarelado a sépia / 1976
Espólio da Matriz de São Salvador de Ílhavo |
O presépio ao culto foi adquirido a 16 de Dezembro 1964 pelo prior D. Júlio Tavares Rebimbas. Comprado na casa União Gráfica em Lisboa custou na altura 1.705$50. É composto por 11 figuras grandes de gesso policromado: a Virgem, S. José e o Menino, um par de animais, um terno de reis, dois pastores, um músico de gaita-de-foles, e três pastores mais pequenos.
Das nove aguarelas e desenhos existentes do pintor Palmiro Peixe no nosso espólio, esta ilustra bem a quadra natalícia. Foi oferecida por este para um leilão destinado à angariação de fundos para o restauro da Igreja Matriz em 1976, juntamente com um conjunto de aguarelas representando as capelas da Paróquia, das quais existem a dos Moitinhos e a da Vista Alegre. Existe também um Ex-voto do Sr. Jesus dos Navegantes pintado por Palmiro Peixe no início da sua obra pictórica, representando o lugre Gafanhoto, oferecido pelo Capitão Amândio Mathias Lau e tripulação em 1933.
Hugo Cálão
in o jornal “O Ilhavense”, de 01 Dezembro 2006