sexta-feira, 24 de junho de 2022

Crónica da Ermida, 1931

 Antigamente, em toda a área da Ermida, nas terras baixas da Bispa, do Micaêlo e Valenta, cultivavam-se grandes searas de arroz. Era semeado em Março e parte de Abril. No mês de Março vinham de Mira aproximadamente uns cinquenta homens cavar é preparar as terras para receberem a semente. No mês de Julho vinham também muitas mirôas para a monda do mesmo arroz, e de Setembro em diante as próprias mulheres o coifavam e malhavam nas eiras junto ao esteiro da Malhada que tanto ali, como na Valenta, ainda existem, em parte. Os homens e as mulheres tinham por capataz um indivíduo chamado Gonçalo Roldão. Depois da ceifa do arroz, qualquer homem se abeirava dum pequeno regato com água e pescava à bela enguia, Todos dali tiravam peixe com abundância. Agora quase todas as terras estão incultas, criando só estrumes, tais como: canícia, tabúa e junco. As delimitações da Ermida eram: pelo Norte o caminho que separa a Quinta da Vista Alegre e o Micaêlo. A leste o marco da Cabeça do Boi; a leste-sueste outro marco que está no Rodelo o ainda um outro que fica entre a praça da Ermida e Vale de Ílhavo; ao sul o rêgo do Favacal que atualmente divide os concelhos de Ílhavo e Vagos; e a sudoeste e oeste a ria que separa esta região e a Gafanha de Aquém. Em frente à Sardanica está o antigo Colégio da Pedricosa onde se internavam as crianças de ambos os sexos e pertencia a um fidalgo ao qual davam o nome de Morgado da Serra, natural de Vizeu e aparentado com a família de Simão Botêlho o amoroso protagonista do «Amor de Perdição», de Camilo Castelo Branco.


in jornal O Ilhavense de 30 de Agosto de 1931


quinta-feira, 23 de junho de 2022

Ílhavo de Ontem e Ílhavo de Hoje, 1926

Ílhavo de Ontem e de Hoje, desenhos de Teodoro Craveiro
in jornal O Ilhavense de 1926-11-23













quarta-feira, 1 de junho de 2022

Procissão dos Passos de Ílhavo 1924

1924-03-23 Procissão dos Passos - De hoje a oito dias realiza-se nesta vila de Ílhavo a tradicional procissão dos Passos cujo itinerário á saída, é o seguinte: Rua Serpa Pinto, Rua Mártires da Guerra Submarina, Rua José Estevam, Fontoura, Rua Arcebispo Bilhano até á Capela da Senhora do Pranto. No regresso descerá a procissão até á Praça da Republica, tomando depois pela Rua Camões, Rua Ferreira Gordo, Rua João de Deus e Serpa Pinto. O encontro das duas imagens dar-se há na Praça da Republica, pregando nessa ocasião o rev.º sr. padre Manuel de Campos.

A Segunda Festa do Senhor Jesus dos Navegantes de 1940



Mordomos da Festa do Senhor Jesus dos Navegantes e 1923

José Simões Bixirão, Juiz da Festa; José Gonçalves da Silva, Tesoureiro; João Pereira da Bela, Secretário; Antonio Gonçalves Leite, Mordomo do Altar; Mordomos: José Gonçalves Leite; João André Alão (o Rigueira); Domingos André Senos; e Júlio Ferreira Pauseiro.

in jornal O Ilhavense de 10 de Setembro de 1922








Preâmbulo do Museu Marítimo de Ílhavo (1922)

in jornal O Ilhavense de 1922-10-29
Um grupo de rapazes da nossa terra está disposto a lançar ombros á tarefa da organização de um Museu Regional, para o que vai requerer á Câmara Municipal a cedência de uma sala do Convento da Senhora do Pranto, iniciando os trabalhos da colecção dos diferentes objetos que hão de ser guardados no Museu.
Apelamos para o patriotismo de todos os Ilhavenses, afim de que auxiliem a Comissão que em breve, em reunião publica, será nomeada para tal fim, sendo de louvar que os senhores professores deste concelho comecem já em propaganda de tão simpática iniciativa, concorrendo com a sua boa vontade para o completo êxito de tão famoso melhoramento local.

A Igreja de Ílhavo precisa de reparos

 in jornal O Ilhavense de Junho de 1922

Vamos senhores, não seja só demolir, nesta malfadada terra de tanta luz e de tanta beleza! Façamos também construções novas, procuremos conservar o pouco de artístico que possuímos. A igreja matriz de Ílhavo está num um estado deplorável. Aquele templo de tantas recordações saudosas, onde fomos, batizados, onde ajoelhamos a comungar pela primeira vez, onde os entes que nos foram queridos receberam a benção, antes de baixar à sepultura, onde nos uniram os laços do matrimónio; aquela casa que é a Casa do Senhor onde vão ajoelhar as nossas mães e os nossos amigos, quando nós nos vemos abraços com as intempéries e com os desgostos da vida; a nossa igreja, que deslumbra pela sua grandeza e que merecia de nós todos um pouco de atenção, está a começar a cair.


É preciso olharmos a sério para estas, coisas. E imprescindível fixarmos a nossa atenção para o que de artístico e formoso nos resta, se ainda não temos obliterado e corrompido o sentimento e o gosto

As janelas não têm vidros. O forro das naves laterais está a cair. A cimalha das torres ameaça ruir e a vegetação ali é abundante, As paredes exteriores carecem de ser caiadas - coisa que num se lhes fez desde que existem. O altar de Santo António deve ser retirado do couce da igreja. É uma vergonha e menos veneração pelo santo taumaturgo, conservar o seu altar onde está. As alfaias do culto devem ser melhor cuidadas. O pálio rico não é estimado como merece. Os paramentos ricos precisam de muitos reparos. Etc., etc. etc.