sexta-feira, 29 de abril de 2022

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÍLHAVO - Memória de um século

 https://www.academia.edu/77992826/CAL%C3%83O_Hugo_2019_SANTA_CASA_DA_MISERIC%C3%93RDIA_DE_%C3%8DLHAVO_Mem%C3%B3ria_de_um_s%C3%A9culo


SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE ÍLHAVO: Memória de um século

No dia 10 de abril de 1919, há precisamente 100 anos, data da reunião que oficializou os seus estatutos, é criada a Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo.

Em 5 de maio de 1919 é iniciada a construção do Hospital de Ílhavo, obra que verá concluída a sua edificação em abril de 1920, com a colocação no cimo da fachada da icónica estátua representando a Caridade, oferecida por D. Maria da Luz Sarrico Teles e executada por António de Freitas, hábil canteiro de Aveiro.

Num Ílhavo onde todos se conheciam, este constante empreendimento foi labor da necessidade de dar resposta às faltas de cuidados de saúde e bem-estar, quase inexistentes até então, cumprindo a visão caritativa de dois principais pioneiros fundadores: Viriato Teles e Samuel Maia.

A atuação da Santa Casa de Ílhavo é um percurso atribulado, onde a dificuldade económica e financeira sempre colocou em risco a capacidade para tratar corretamente os doentes e desfavorecidos, situação agravada principalmente na década de 40 do século XX, pelos efeitos nefastos da II Grande Guerra Mundial, e que seria minimizada com as esmolas e dádivas recolhidas pelos ilhavenses (residentes e no estrangeiro: Brasil, Canadá, Newark, Nova Jersey, Califórnia) nas anuais festas de beneficência, bailes e cortejos de oferendas (1946-1966),  memórias que perduram na lembrança dos mais antigos.

Os médicos, enfermeiros, os cuidadores do passado e do presente, assim como as muitas faces que assumiram o pulso das decisões das várias provedorias, - prestando homenagem e recordando por ordem: Dr. Samuel Tavares Maia (1919), Viriato Teles (1920-27), Prof. João Marques Ramalheira (1927-30), Dr. Eduardo Vaz Craveiro (1930-41), Dr. Vítor Manuel Machado Gomes (1941-44 e 1953-57), Pe. Alberto Tavares de Sousa (1945-46), Cap. Francisco António de Abreu (1946-52), Dr. António Joaquim da Silva Lopes (1957-65), Dr. José Cândido Vaz (1965-66), João Fernandes Vieira (1966-71), Arlindo dos Santos Ribeiro e Silva (1981-99), Prof. Fernando Maria da Paz Duarte (1999-2010), Eng. João Manuel Pereira da Bela (2011-12), Álvaro Manuel da Rocha Ramos (2014-17) e Prof. Margarida São Marcos (2017-19) - , por entre os muitos obstáculos, souberam sempre melhorar qualidade dos serviços prestados (de saúde, de assistência às crianças e aos doentes terminais) e fazer da Santa Casa de Ílhavo ”lugar” de entre ajuda e de solidariedade a todos, indiscriminadamente, como diria o médico Louis Pasteur – “Não se pergunta a um infeliz: De que religião és tu? Diz-se-lhe: Tu sofres e isso é suficiente. Tu pertences-me e eu te aliviarei!”  

Sabemos que são muito parcos os recursos de uma instituição que atualmente emprega 143 funcionários, que quer fazer mais, e que sobrevive de protocolos de colaboração.

Através da História observa-se que a caridade exercida pelas Misericórdias é uma necessidade social. E sendo uma necessidade social é um alicerce da vida caritativa nacional.
A palavra Misericórdia tem este duplo sentido de ajudar, de dar proteção e o de perdoar e compreender. É esta a base e rumo de orientação desta instituição que, localmente, em cada concelho, atua para suprir as necessidades e carências sociais.

As Santas Casas, pelo testemunho das suas obras, pela sua exemplaridade, pela coragem, pela persistência, pela coesão institucional, contra a indiferença, a apatia e o inconformismo, e com o imperativo do rigor, continuarão a ser instituições fundamentais da sociedade portuguesa.


A lâmpada da igreja de Ílhavo

Como nos roubaram a lâmpada?

Somos conhecidos, como sendo da Terra da Lâmpada!


Na nossa Igreja Matriz havia uma valiosa lâmpada de prata que desapareceu nos princípios do séc. XIX, talvez levada pelo exército francês, que apenas deixou uma custódia de prata dourada, por estar devidamente resguardada.
Uma testemunha, nunca identificada, contou ou engendrou esta história, que ainda hoje faz pensar muita gente...
Em determinado domingo festivo,  com a Igreja de Ílhavo repleta de povo e no meio da missa, entrou por uma porta lateral um homem bem parecido, mas desconhecido na vila. Dirigiu-se para a capela do Santíssimo, onde se encontrava suspensa a famosa lâmpada de prata lavrada. Ajoelhou-se, benzeu-se e ao levantar-se colocou num degrau um saco de linho que trazia. Olhou para a lâmpada e murmurou:
- Quem te há-de limpar por tão baixo preço!!! Que mau negócio que eu fui fazer!!!
Algumas pessoas presentes ouviram e segredaram entre si:
- É desta vez vez que vão limpar a lâmpada....
O homem, duma forma corajosa, disse:
- Pois se justei, está justo! Venha a lâmpada abaixo! 
Retirou-a, vagarosamente, guardou-a no saco de linho que tinha trazido e...desapareceu!
Acabada a missa o povo debandou e o sacristão quis saber, pelo padre, qual o nome do artista que teria por missão limpar a famosa e valiosa lâmpada. Certo e sabido que o padre não se tinha apercebido desta tramóia, pelo que mandou tocar os sinos a rebate, na esperança de alguém ainda poder deter o esperto larápio, o que nunca chegou a acontecer. Chegou ainda uma notícia, pela voz de uma peixeira que estivera na Bairrada, dizendo ter visto na Gândara de Salgueiro, um homem desconhecido a caminhar apressadamente, levando às costas um saco cujo conteúdo chocalhava e tenia!
Os sinos tocaram três dias seguidos em sinal de luto, mas a lâmpada perdera-se para sempre...
A história foi reavivada por Dinis Gomes no inicio do século XX, provavelmente pelo furto em 1910 da lâmpada de prata existente na Capela do Senhor Jesus dos Navegantes.
Deste último furto muito se especula, pois muitas das Igrejas da região foram alvo de furtos, que se supõem ter sido perpetuado por dois receptadores a mando de colecionistas como o Comandante Ernesto Vilhena ou o médico Jerónimo de Lacerda, pai do colecionista Dr. Abel Lacerda.
Também se especula que terá sido vendida e que atualmente se encontra nas coleções do Museu de Filadélfia, USA.
Ílhavo perdeu, desta forma, as suas duas lâmpadas de prata. Restam cinco, mas de metal, na coleção da igreja matriz!

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Ílhavo e a imigração em retrato

 Ílhavo e a imigração em retrato (diáspora ilhavense nos registos de passaporte do Arquivo Distrital de Aveiro)

Fotos de 1927-


João Fernandes Cardoso - emigrou para o Brasil

António Maria Sarabando - emigrou para o Brasil



João Rodrigues Marçalo - emigrou para a Argentina e Brasil




Manuel Soares Maganinho - emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




Fotos de 1928-

João Maria dos Santos Marujo - 35 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




Joaquim da Silva Marques - 28 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil





Manuel de Almeida - 18 anos, emigrou para Santos, Brasil




João dos Santos Clemente - 52 anos emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil





Artur dos Santos Clemente - 18 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil



Luis Nunes da Fonseca - 18 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil





Francisco de Oliveira Vidal - 13 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




João Simões Maio Rafugo - 17 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




Manuel Gonçalves Bilelo - 27 anos, emigrou para a Argentina




Armando Pinto Machado - 31 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




João das Neves Abreu - 55 anos, emigrou para Santos, Brasil




Benjamin das Neves Abreu - 18 anos, emigrou para Santos, Brasil




Flávio da Silva Labrincha - 18 anos, emigrou para o rio de Janeiro, Brasil




José da Rocha - 25 anos, emigrou para o Brasil



Manuel dos Santos Carrancho - 33 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




Manuel Maria Carlos - 23 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




Manuel Pereira de Oliveira - 15 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil



Manuel Nunes Pinguelo de Oliveira - 21 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil




Manuel António Figueiredo - 36 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil





Maria Pereira da Silva - 27 anos, emigrou para a América do Norte (com as filhas, Maria de 7 e Cândida de 3)



Marco Simões Ré - 41 anos, emigrou para o Rio de Janeiro, Brasil