domingo, 14 de novembro de 2021

Milagres do Senhor Jesus dos Navegantes aos Marinheiros de Ílhavo


Por sobre um lindo mar de ondas tranquilas, 

E debaixo dum céu de azul sereno, 

Vê-se um navio todo branco, 

A que dá movimento um zéfiro ameno.


Mas ei que tristes nuvens pardacentas 

Começam a aparecer na imensidade; 

Os ares escurecem, ventania, 

E surge, então, no mar a tempestade.


Sobem vagalhões até ao céu 

Em raiva imprecação que faz tremer, 

Levantando no dorso o batel, 

Que vê a hora ali de se perder.


Já não acode ao leme, vela grande, 

Mezena e gávea, tudo foi levado, 

Ficando agora, assim, casco tristonho, 

Na verde imensidão desarvorado.


Trovões e vendaval e chuva e noite, 

Só da faísca a aterradora luz. 

O marinheiro, então, ajoelha, em ânsia, 

E grita para o céu: - Senhor Jesus!


Senhor Jesus! salvai-me, senão morrem 

Meus filhos de fome e a mãe doente; 

Senhor Jesus! que tendes todo o mundo 

Na palma dessa mão omnipotente!


- Nisto, voz retumbante, qual trovão, 

Manda as ondas e ventos amainar; 

Desponta o sol risonho, e só a brisa 

Os beijos estende pelo mar! ...


E ali boiando como um alvo cisne 

Em lago, por manhã de primavera, 

Dalgum vapor que por ali passe, o barco 

Auxílio e condução, com fé, espera.


- Lá vem! - gritam, chorando de alegria. 

Pára o vapor, e leva então, consigo

O barco juntamente com os seus homens

Ao porto desejado e ao lar amigo!


É pois ardente a fé do nauta de Ílhavo

No seu Senhor Jesus, o Salvador,

Que os seus rogos escuta, na tormenta,

Que lhe abre o coração cheio de amor!...